Silvinho Silva-Quinta-Feira, Janeiro 11, 2024
O prefeito da mansão
Há coisas na vida pública que podem até não ser ilegais, mas, sem dúvida alguma, seguem na contramão da ética e do bom senso. Em tempos de austeridade econômica, em que o país tenta se recuperar de uma recessão econômica causada, principalmente, pela pandemia da Covid-19, com cidades em situação de calamidade financeira devido à queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), soa como uma afronta à população a ostentação por parte de um gestor público.
É o caso do prefeito de Ouricuri, Ricardo Ramos (PSDB), que, nos últimos dias, fez questão de esbanjar a construção de uma nova mansão. Localização no bairro do Batalhão, o imóvel possui arquitetura imponente e, de certa forma, soa como uma demonstração de puro desdém não somente para com a população, mas, também, para com as autoridades.
Caso de repercussão nacional, ainda se mantém vívido na mente dos moradores o escândalo que, em 2022, levou a cidade de Ouricuri às páginas policiais de todo o país. À época, a prefeitura foi alvo de uma ação da Polícia Federal, tendo sido cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e três de prisão preventiva. Entre as suspeitas, crimes de peculato, fraude em licitações, corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados pela administração pública entre 2019 e 2021.
A assessoria do prefeito emitiu nota em que afirmou que Ricardo Ramos não teria sido um dos alvos ou investigado. Entretanto, é fato que a investigação se debruçou sobre contratos vigentes durante o seu mandato, um rombo que, segundo a Polícia Federal, teria causado prejuízo de cerca de R$ 61 milhões aos cofres públicos.
A ostentação do “prefeito do mansão”, como tem sido rotulado nas redes sociais, em ano eleitoral, somada a uma alta rejeição por parte do eleitorado, pode ter sido um “tiro no pé” dado por Ricardo Ramos e a sua equipe.