Restrição do uso dos aparelhos entrou em vigor afetando mais de 3 milhões de alunos da rede estadual de ensino de São Paulo
O ano letivo começou nesta segunda-feira (3) para mais de 3 milhões de estudantes da rede estadual de ensino de São Paulo. Desta vez, com uma nova regra: a proibição do uso de celulares nas escolas. A medida também começa a valer em outros 20 estados e no Distrito Federal no primeiro dia de aula.
O estudante Calebe Fernandes dos Santos, de 13 anos, foi pego de surpresa. “Eu achava que podia, mas depois descobri que tinha que guardar. Agora, não vou trazer mais”, contou.
Ele estuda numa escola estadual recém-inaugurada na capital paulista onde a orientação é para que os alunos não levem os celulares. Caso estejam com o aparelho, eles devem deixá-lo em uma caixa na mesa dos professores até o fim da aula.
Ester Vitória Pereira da Silva, de 12 anos, aprovou a medida. “Minha mãe disse que não precisava mais trazer. Eu também não queria porque não estava me concentrando nos estudos. Depois que parei de usar, consegui prestar mais atenção na aula”, disse.
Em São Paulo, onde a lei foi aprovada primeiro, a proibição vale não apenas para a sala de aula, mas também para os recreios e intervalos.
Segundo o secretário estadual de Educação, Renato Feder, cada escola pode definir onde os celulares serão guardados – seja em caixas, armários ou até mesmo na mochila do estudante. “É uma possibilidade deixar o celular desligado na mochila e só pegar na saída para falar com os pais.
O que não podemos é criar uma guerra, um estresse adicional na escola”, destacou.
Em janeiro, o presidente Lula sancionou a lei federal que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e particulares em todas as etapas da educação básica, incluindo o Ensino Médio.
A regra também abrange outros dispositivos conectados à internet, como tablets e relógios inteligentes. No entanto, há exceções. O uso dos aparelhos será permitido para atividades supervisionadas, casos de saúde ou emergência, além de situações relacionadas à acessibilidade e inclusão.
O Ministério da Educação tem até o dia 13 de fevereiro para regulamentar a nova legislação. Para especialistas, ainda há desafios na implementação da medida. “É preciso garantir que o celular esteja guardado, mas que também possa ser utilizado sem burocracia nos momentos em que pode colaborar com a aprendizagem”, afirmou Ana Ligia Scachetti, diretora-executiva da Associação Nova Escola.
A fiscalização do cumprimento da regra ficará sob responsabilidade de cada escola, que também poderá definir possíveis punições. Educadores alertam que a transição pode gerar desafios, como conflitos com os alunos. “Uma proibição abrupta pode gerar ansiedade.
Além disso, não adianta o jovem ficar horas sem tecnologia na escola e, ao chegar em casa, passar todo o tempo em frente às telas. As famílias precisam entender seu papel para que crianças e adolescentes desenvolvam uma relação mais equilibrada com a tecnologia”, ressaltou Scachetti.