Palcos e atrações se tornaram demonstração de força econômica e disputa cultural entre os gestores pernambucanos
Palcos e atrações se tornaram demonstração de força econômica e disputa cultural entre os gestores pernambucanos
Primeira grande festa do ano, o carnaval de 2025 também ficará marcado como a largada da corrida eleitoral para o Governo de Pernambuco em 2026, e tanto a governadora Raquel Lyra (PSDB) quanto o prefeito da capital, João Campos (PSB), protagonizam uma “guerra fria” de palcos e atrações com investimentos milionários entre Recife e Olinda, visando conquistar o eleitor além do folião.
Para o cientista político Hely Ferreira, o uso político do carnaval beira a obviedade, visto a facilidade de se autopromover com a festa mais popular do país.
“Naturalmente os políticos procuram tirar dividendos eleitorais dentro de uma festividade como essa. O Carnaval, especialmente no Recife, vem ganhando destaque a cada ano, e isso não é mérito apenas do prefeito João Campos. Prefeitos anteriores já tiveram a preocupação em fazer com que o Carnaval de Recife ganhe visibilidade para o Brasil”, afirmou.
O carnaval promovido pela Prefeitura do Recife conta com 3 mil atrações divididas em 51 polos – sendo nove centralizados, 12 descentralizados, 15 comunitários, sete infantis, um instrumental, cinco corredores da folia e duas passarelas para concursos de agremiações.
Os principais polos serão o Marco Zero, a Praça do Arsenal, o Samba da Moeda, o Parque das Graças Instrumental, o QG do Frevo, a Praça da Independência e o Pátio de São Pedro.
A cerca de 150 metros de distância, virado para o lado oposto do palco principal do prefeito, o Governo do Estado montou uma estrutura da edição especial do Pernambuco Meu País.
O festival cultural que estampa a publicidade do carnaval da governadora foi lançado no meio do ano passado, após divergências com a gestão do prefeito Sivaldo Albino (PSB), aliado de João Campos, sobre a realização do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG).
O novo palco gerou polêmica imediata, visto que o Marco Zero recebe as principais atrações promovidas pela prefeitura há 24 anos. Entretanto, o Palácio do Campo das Princesas afirmou que as programações não devem se chocar, e as atrações serão exclusivamente locais.
Na visão de Hely Ferreira, o posicionamento dos palcos gerou uma polêmica desagradável, mas se as festas forem coordenadas, quem ganha é o povo.
“A praça é pública, mas não foi de bom tom. Confesso que nunca vi isso no Recife. Mas o bom é a possibilidade.
Nos horários em que não se tem a programação da prefeitura, o palco do Governo pode preencher a lacuna com a presença dos turistas na cidade. Agora, é lamentável se isso for utilizado como um ringue para o próximo ano. Espero que todos tenham maturidade suficiente e entenderem que a festa é do povo”, disse.


