Governo defende propostas como exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e construção de hidrovias
Aos 93 anos, o cacique Raoni Metuktire continua brigando pela preservação da floresta, e vê os projetos de infraestrutura defendidos pelo governo brasileiro para modernizar a região amazônica como uma ameaça à floresta, aos povos indígenas e até mesmo ao restante da população.
“Esses projetos destroem rios e terras e estão continuando, eu não estou gostando. Eu tinha falado muito antes que haverá muitas consequências muito ruins para nós”, disse o cacique em entrevista exclusiva à Reuters nesta terça-feira (11), em Belém, onde participa de eventos relacionados à cúpula do clima da ONU COP30.
“Vai ser muito ruim para nós. E para vocês também. Vocês mesmos estão trazendo as consequências para vocês mesmos.
A destruição continua fazendo com que a floresta não tenha vida”, acrescentou Raoni, falando em seu idioma nativo, o kayapó, com o neto traduzindo para português.
Há poucas semanas, o Ibama autorizou a Petrobras a realizar uma perfuração para verificar a existência de petróleo na foz do rio Amazonas, em mais um passo da exploração de petróleo na região.
Outros projetos de desenvolvimento econômico, como o asfaltamento da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho por dentro da floresta, e a construção de hidrovias, estão entre as propostas defendidas pelo governo federal na região.
Nenhum deles, diz Raoni, trará qualquer benefício para as populações indígenas e mesmo não indígenas da Amazônia.
O cacique, uma das maiores lideranças indígenas das últimas décadas, com amplo reconhecimento internacional, cobrou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela demarcação de terras.


