Encontro em Nova York acontece no auge da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abre, nesta terça-feira (23), a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Como prevê a tradição, desde 1955, o Brasil é o primeiro Estado-membro a discursar, seguido pelos Estados Unidos, representante do país-sede da organização.
Esta será a décima vez que Lula assumirá o púlpito para abrir o debate geral, que, neste ano, tem como tema “paz, desenvolvimento e direitos humanos”. O discurso está previsto para às 10h (horário de Brasília), logo após as falas do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da presidenta da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock.
Como de costume, as falas de Lula devem abordar a defesa do multilateralismo e da cooperação internacional. O líder também deve reforçar a necessidade de reformas no Conselho de Segurança da ONU, além de convocar países a se comprometer com a preservação ambiental — com destaque para a COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro.
Outro ponto a ser citado por Lula deve ser a guerra na Faixa de Gaza. Na segunda-feira (22), o petista já se pronunciou sobre o assunto na Conferência Internacional de Alto Nível sobre a Palestina, convocada por França e Arábia Saudita. Ao discursar, defendeu a solução de dois Estados (Palestina e Israel) para acabar com a violência no Oriente Médio.
A defesa da soberania nacional também deve ser reforçada por Lula. Neste caso, a fala será uma crítica ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, em agosto. Isso porque, ao justificar a medida, o presidente Donald Trump citou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), como o então julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Primeira viagem aos EUA após o tarifaço
Esta é a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos no auge da crise com o governo Donald Trump. As divergências entre os governos, iniciadas em julho, se intensificaram com a condenação de Bolsonaro, no início de setembro. Nesta semana, a Casa Branca anunciou a revogação de vistos da esposa e dos filhos do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito.
Anteriormente, o governo Trump já havia mirado o próprio Moraes. Com base na Lei Magnitsky, legislação que permite punir cidadãos estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos, a gestão impôs uma série de punições financeiras contra o ministro e alertou que faria o mesmo com pessoas ou empresas que mantivessem qualquer relação com o magistrado