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Mortes em reserva Yanomami sobem um ano após Lula decretar emergência

Diante da gravidade do cenário, o governo anunciou nesta quinta-feira, 22, a criação de um hospital indígena em Boa Vista

Terra Indígena Yanomami registrou 363 mortes em 2023, mesmo após a ação de uma força-tarefa do governo federal para conter a crise humanitária no local. O número é maior que o registrado em 2022, quando houve notificação de 343 mortes.

Diante da gravidade do cenário, o governo anunciou nesta quinta-feira, 22, a criação de um hospital indígena em Boa Vista, sem data para conclusão, e 22 unidades básicas de saúde que devem ser entregues ainda neste ano.

Em janeiro do ano passado, o governo federal decretou estado de emergência na Terra Indígena Yanomami após altos índices de morte principalmente por malária e desnutrição. O governo realizou operações para a retirada de garimpeiros e reabriu seis dos sete polos-base existentes no território Yanomami. Apesar disso, o governo reconheceu que as ações não deram conta de sanar a crise.

“O ano de 2023 não foi suficiente para a gente resolver toda a situação instalada ali, com a presença do garimpo, com a presença de quase 30 mil garimpeiros convivendo ali diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas, impedindo que as equipes de saúde chegassem ali.

Agora a gente sai desse estado de ações emergenciais e passamos ao estado de ações permanentes a partir da instalação da Casa de Governo em Boa Vista”, argumentou a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.


Embora tenha retirado cerca de 80% dos garimpeiros ilegais do território Yanomami no ano passado, no início de 2024, um ano após decretar estado de emergência, parte dos criminosos retornou ao local.

O governo não informou, no entanto, qual o número atualizado de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami. As atividades do garimpo contaminam os rios, afastam animais utilizados na alimentação dos indígenas e favorecem a disseminação da malária, já que os poços abertos funcionam como criadouros do mosquito transmissor. Esses aspectos estão na raiz do número alto de mortes dos indígenas.

As autoridades do governo afirmaram que a quantidade de mortes em 2023 na área deve ser ainda maior. Isso porque as ocorrências podem estar subnotificadas uma vez que profissionais de saúde não conseguem chegar a todas as localidades.

Além disso, características étnicas do povo Yanomami, que têm rituais de cremação para os mortos, podem dificultar o registro dos óbitos.

Segundo as autoridades, esses elementos indicam ainda que dados de 2022 não são seguros já que a maior parte dos polos-base de saúde estava fechada, impedindo a notificação das mortes. A estimativa é de que também em 2022 tenha havido mais do que 343 mortes.


Diante da defasagem dos dados, o governo fará em 2024 um Inquérito de Saúde Indígena em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para corrigir as distorções.

O Ministério da Saúde aumentou em 53% o número de profissionais da Saúde no território, passando de 690 para 1.058 entre 2022 e 2023. O número de médicos também passou de 9 para 28. A pasta também aplicou 59 mil doses de vacina nos indígenas.

Ainda não há previsão de custos e nem de prazo para a conclusão do hospital indígena em Boa Vista, mas a expectativa é que as obras comecem neste ano.

Edenilson Gonçalves
Edenilson Gonçalves
Radialista profissional DRT 1309. Tem mais de 35 anos de experiência em locução comercial e cerimonial, nome consagrado no rádio pernambucano. Baiano e paulistano, trabalhando como jornalista, radialista, redator, produtor, editor, repórter, apresentador, palestrante e consultoria política e empresarial. O rádio sempre será o maior veiculo de comunicação do mundo. o verdadeiro companheiro do povo Brasileiro
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