Apesar das vantagens, estudo alerta para obstáculos que precisam ser superados pelo Brasil
A região Nordeste se consolida como candidata a protagonista na futura cadeia global de exportação de hidrogênio verde. Um estudo recente da consultoria Aurora Energy Research, encomendado pelo governo dos Países Baixos, detalha o potencial de criação de um corredor internacional de hidrogênio verde ligando o Nordeste brasileiro ao porto de Roterdã, considerado estratégico para a segurança energética da Europa e para a transição global de baixo carbono.
O Ceará e o Piauí despontam como líderes nesse movimento, com capacidade projetada para atender, já em 2030, até 158% da demanda prevista para o corredor Brasil-Holanda.
A vantagem competitiva do Brasil está ancorada no chamado LCOH (Levelized Cost of Hydrogen), indicador que reúne todos os custos envolvidos na produção do hidrogênio. No Nordeste, o custo gira em torno de 3,3 euros por quilo, quase a metade da média europeia.
Essa competitividade decorre da alta produtividade dos parques eólicos e solares da região, dos baixos custos de geração renovável e do alto fator de capacidade dessas usinas.
Outro diferencial do Brasil reside na matriz elétrica altamente limpa — com mais de 90% de fontes renováveis — o que assegura uma produção de hidrogênio dentro dos critérios de certificação de carbono exigidos pelo regulamento europeu RED II.
A certificação internacional é condição para acessar o mercado europeu, que projeta triplicar sua demanda de hidrogênio até 2050, alcançando 30 milhões de toneladas por ano, metade das quais deverá ser importada de países com alto potencial renovável.
O estudo da Aurora aponta ainda que, embora Pernambuco e Bahia também tenham projetos mapeados, será o Ceará e Piauí, que já acumulam investimentos em desenvolvimento superiores a R$ 300 bilhões (com projetos de grupos como Voltalia, Casa dos Ventos, Fortescue, Solatio e Green Energy Park), quem liderará esse negócio