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Setembro Amarelo: o luto de quem fica após a perda de um ente querido

O suicídio interrompe vidas, deixa marcas profundas e dores difíceis de superar em quem fica. São famílias que precisam aprender a conviver com uma ausência repentina e dolorosa. Muitas das vezes, o luto vem acompanhado de culpa, impotência, vergonha e o preconceito social, fazendo o processo ficar ainda mais desafiador.

E, para quebrar o estigma que cerca esse tema delicado, desde 2015 o Brasil realiza a Campanha Setembro Amarelo, com o objetivo de estimular conversas sobre saúde mental e, assim, evitar o aumento do número de suicídios. Grupos de apoio também têm papel importante nesse processo. Antes em reuniões presenciais, agora se multiplicam nas redes sociais, oferecendo espaços online para compartilhar os sentimentos e encontrar solidariedade em quem viveu a mesma experiência.

Dois meses depois de perder o filho, o professor de Língua Portuguesa, Cláudio Drumond, decidiu criar um canal no Instagram para falar do Transtorno de Personalidade de Borderline, que levou Giovanni, de 31 anos, a cometer o autoextermínio. O TPB se caracteriza por alterações intensas de humor e depressão profunda. O canal na internet, segundo ele, foi a forma de vencer a tristeza, a saudade, e transformar a dor em algo que pudesse ajudar as pessoas:

“Passada toda aquela coisa do impacto, que você nem sabe o que pensar muito bem e tem uma dor muito profunda, eu quis criar alguma coisa para poder levar informação, combater o preconceito. E aí criei esse perfil nas redes sociais, Pai de Borderline, para levar informação. E essa página tem me ajudado a passar pelo luto, porque o luto da perda de um filho não é fácil. E através autoextermínio é extremamente traumático”.

Cláudio diz que o engajamento e as trocas de mensagens feitas no canal são muito positivas, o que ajuda a confortar seu coração.

“Um pedaço do coração foi tirado, não vai ter de volta, e a gente vai vivendo, aprendendo a lidar com a saudade. Não passa nunca, a gente apenas vai ressignificando e aprendendo a lidar com essa dor. Uma semana atrás, eu recebi uma mensagem muito tocante de uma menina que conseguia cometer autoassassinato e aí pegou o celular porque viu um vídeo meu contando a minha história e, vendo a minha explicação, ela desistiu. Depois de um tempo, ela me enviou uma mensagem dizendo que ela estava pronta para me contar. Então, só essa mensagem já valeria a pena tudo que eu fiz até então”, diz.

Terezinha do Carmo Máximo também buscou acolhimento e acabou criando o seu próprio grupo de apoio, um ano depois de perder a filha caçula, de 21 anos, para o suicídio. Ela conta que precisava falar sobre sua dor, mas que entre amigos, no trabalho e, mesmo com familiares, não se sentia acolhida.

“Entraram pessoas do grupo com 40 anos que perderam um querido e não tinha espaço para falar nem dentro da família. É um assunto proibido. Então, a pessoa quer falar daquela pessoa que faleceu, quer lembrar de alguma coisa, mas ela não tem esse espaço. Então, no grupo a gente fala o nome, que muitas vezes as pessoas não têm essa possibilidade de falar, porque é suicídio uma morte não aceita socialmente, porque tem uns que dizem que é pecado, que é fraqueza. Eu, por exemplo, quando aconteceu, eu me senti deslocada de tudo e depois eu percebi que as outras pessoas também passavam por isso. Você não se sente confortável em lugar nenhum”, relata.

Se você vive esse sofrimento ou conhece alguém que necessite de ajuda pelo mesmo motivo, não hesite! Siga o slogan do Setembro Amarelo: “Se precisar, peça ajuda!”. Um dos caminhos é ligar para o Centro de Valorização da Vida, no número 188. O atendimento é gratuito, sigiloso e pode ser acessado 24 horas por dia em todo o país.

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Edenilson Gonçalves
Edenilson Gonçalves
Radialista profissional DRT 1309. Tem mais de 35 anos de experiência em locução comercial e cerimonial, nome consagrado no rádio pernambucano. Baiano e paulistano, trabalhando como jornalista, radialista, redator, produtor, editor, repórter, apresentador, palestrante e consultoria política e empresarial. O rádio sempre será o maior veiculo de comunicação do mundo. o verdadeiro companheiro do povo Brasileiro
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