Ministro votou pela condenação de Bolsonaro e outros sete réus
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, votou pela condenação dos oito réus do núcleo 1 da trama golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Diante de todo exposto, voto no sentido da procedência total da ação penal.“
O ministro é o relator do processo na Primeira Turma da Corte e foi o primeiro a apresentar o voto no julgamento nesta terça-feira (9). Durante cerca de cinco horas, Alexandre de Moraes passou por vários pontos levantados pela denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas.
“‘Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso para mim é muito claro’, diz Augusto Heleno. ‘Soco na mesa antes das eleições, virar a mesa antes das eleições e agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso para mim é muito claro’. Tudo isso constou onde, ministro Flávio, depois? Na minuta do golpe. Prisões, fechamento do TSE, criação de uma comissão eleitoral, gabinete pós-golpe. Veja, tudo isso já dito claramente, confessado, claramente na reunião ministerial.”
Ponto a ponto do voto
Moraes enumerou no voto os diversos momentos e ações que demonstrariam o avanço do plano golpista da organização criminosa. Segundo ele, o plano começou em julho de 2021, com ataques às urnas eletrônicas, e duraram até 8 de janeiro de 2023. O objetivo era impedir a posse do novo governo ou derrubá-lo depois, para perpetuação de Jair Bolsonaro no poder.
O ministro apontou planos de:
- usar a AGU, Advocacia Geral da União, para descumprir ordens judiciais;
- o monitoramento ilegal com uso da Abin;
- a ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atrapalhar a votação em locais onde o então candidato Lula tinha mais votos; e
- o atraso no relatório do Ministério da Defesa, que não encontrou fraudes nas urnas.

Brasília (DF) 09/09/2025 – O ministro relator Alexandre de Moraes durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que retoma o julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
7 de setembro
Ainda lembrou de declarações de Bolsonaro, apontado como líder da organização criminosa, com ameaças a ministros do Supremo:
“Veja, isso não é conversa de bar. Isso não é alguém no clube conversando com um amigo. Isso é um presidente da República, no 7 de setembro, a data da independência do Brasil, instigando milhares de pessoas contra o Supremo Tribunal Federal, contra o Poder Judiciário, especificamente contra um ministro do Supremo Tribunal Federal. Dizendo a esse indivíduo, continua o réu, que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos.”
Reunião ministerial
Alexandre de Moraes destacou também a reunião ministerial de 5 de julho de 2022, quando Bolsonaro e ministros discutiram ações a serem tomadas contra a Justiça Eleitoral. Para ele, isso é uma confissão.
“Tudo isso constou onde? Ministro Flávio depois? Na minuta do golpe. Prisões, fechamento do TSE, criação de uma comissão eleitoral. Veja, tudo isso já dito claramente, confessado, claramente na reunião ministerial.”
A Primeira Turma tem sessões marcadas todos os dias até sexta-feira para encerrar o julgamento dos oito réus do núcleo 1 da trama golpista.